Confira a entrevista exclusiva com a Jornalista Elisângela Almeida, produtora do Domingo Espetacular

Hoje vamos conversar com a jornalista Elisângela Almeida. Ela se formou em jornalismo em 2005, teve passagens no SBT como rádio-escuta e produtora. Em 2009 Elisângela foi para a TV Record integrar o time de produtores do Domingo Espetacular, a revista eletrônica dominical da emissora. Elis, como é conhecida pelos amigos, revela toda sua trajetória nessa entrevista exclusiva. 

João Gabriel: Você desde pequena sempre quis ser jornalista?

Elisângela: Sim, desde sempre.

João Gabriel: Como descobriu a paixão pelo jornalismo, você se lembra?

Elisângela: Eu cresci vendo desigualdade social, sempre quis lutar por justiça e sou muito comunicativa. Tenho facilidade pra cativar pessoas.

João Gabriel: Quando na sua vida você teve certeza que escolheu a profissão certa? 

Elisângela: Olha, nunca tive dúvidas. Mas tive certeza a cada reportagem que levo um acalanto a uma família que perdeu um ente querido de forma trágica, ou a cada denúncia contra aqueles que praticam o mal.

Elisângela, com algumas amigas em sua formatura na faculdade.

João Gabriel: Durante a faculdade, você fez estágio em algum lugar? Se sim, como foi a experiência?

Elisângela: Tive que pagar minha faculdade, todo meu salário ia para os estudos. Não podia entrar num estágio logo de pronto, pois o salário era baixo. Mas enquanto eu não podia, trabalhava de graça numa rádio, isso foi no terceiro ano de jornalismo, eu trabalhava a semana toda numa empresa de cobrança e aos sábados acordava às 5h para estar numa rádio às 7h, trabalhava de graça, só pelo prazer e para aprender e ter contatos, foi muito bom. Depois, no último ano decidi largar a empresa que trabalhava já há seis anos eles fizeram um acordo comigo, me mandaram embora, aí com este dinheiro me ajudei financeiramente e encarei um estágio na Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer do Estado de SP na área de assessoria de imprensa. Neste mesmo ano também fiz uma produção para um programa independente.

João Gabriel: E qual foi o seu primeiro emprego como jornalista formada?

Elisângela: Em 2006, no SBT. Fui chamada para ser rádio-escuta e apuradora para o SBT Brasil. Fiz algum tempo durante o dia como freelance e depois me contrataram para ser responsável pelas madrugadas. Da madrugada fui remanejada para o dia e em seguida para a produção de reportagens do SBT Brasil.

Elisângela começou sua carreira na televisão no SBT.

João Gabriel: Como foi essa fase no SBT pra sua vida profissional?

Elisângela: Super importante, principalmente quando fiz a madrugada. pois eu tinha a responsabilidade de avaliar o que era importante para o jornal a ser exibido no dia. Se acontecesse algo inusitado durante a madrugada eu tinha que ter a sabedoria de encaminhar um cinegrafista captar imagens e tal.  É na escuta e apuração que você consegue identificar o que é notícia, é a “cozinha da casa”.

João Gabriel: Logo depois você foi para a Record. Como foi a transição de uma emissora para a outra?

Elisângela Almeida: Tranquila. Sempre fui muito esforçada, tenho e tinha um foco muito forte no que eu queria pra mim profissionalmente. As pessoas sentem segurança no que eu digo, porque eu acredito no que eu faço. Por isso acho fácil eu não estava buscando emprego, não estava oferecendo meu trabalho para outra emissora. As pessoas que passaram pelo SBT e que conheciam o meu trabalho tinham vontade de me ver evoluir. E foi assim que saí, o meio é muito pequeno, todo mundo se conhece. Foi uma amiga que falou de mim para a outra emissora, aí eles me procuraram.

Elisângela desde de 2009 trabalha como produtora no programa Domingo Espetacular da TV Record.

João Gabriel: Como é trabalhar na Record, uma emissora que investe bastante em jornalismo?

Elisângela Almeida: É gratificante. Tenho orgulho de saber que estou numa emissora que busca o topo, que investe realmente em jornalismo.

João Gabriel: No SBT Brasil você fazia reportagens com um tempo menor porque era um telejornal, já na record você faz reportagens para um programa de grandes reportagens que é o Domingo Espetacular. Como foi essa mudança?

Elisângela Almeida: No começo foi estranho. A correria do hardnews é grande, estranhei bastante, mas foi um estranho pra melhor. Com tempo maior de produção, consigo fazer matérias melhores. Consigo mostrar melhor o meu trabalho

Elisângela nos conta o que faz um produtor de reportagens.

João Gabriel: Muitas pessoas se perguntam e até eu me perguntava sobre o que exatamente faz um produtor de reportagens. Você poderia nos explicar o que o produtor faz?

Elisângela Almeida: O produtor de reportagens é um repórter que não aparece no vídeo. Ele investiga, apura, pré-entrevista, vai a campo, sugere reportagens, acompanha o repórter na finalização e auxilia, quando necessário na edição. Em alguns casos faz a entrevista que vai pro ar, mas sem mostrar o rosto. Um último exemplo pra isso foi na entrevista do skinhead que foi a juri semana passada. Eu o entrevistei, mas a matéria era do Raul. Ele fez as demais coisas. Nós damos o apoio em alguns casos, entrevistamos especialistas, sempre quando há a possibilidade de ajudar, sem comprometer o trabalho do repórter, a gente faz.

João Gabriel:  Você se lembra de sua primeira produção?

Elisângela Almeida: Não, não me lembro, mas tenho algumas que marcaram…

João Gabriel: Qual mais te marcou?

Elisângela Almeida: Olha, lembro que fiz uma reportagem sobre uma mulher, de 90 anos, que estava tentando receber sua aposentadoria e lá constava que ela tinha morrido. Ela foi pessoalmente receber e as pessoas pediam pra que provasse que estava viva. Impressionante, fiquei chocada quando vi aquela senhora, que mal escutava, e tinha dificuldades pra andar, fazer um trajeto absurdo de longo pra chegar até a agência e lá ter dificuldades pra receber o que lhe era de direito.

João Gabriel: Durante sua trajetória você teve alguém que foi o seu padrinho ou alguém que te ajudou muito?

Elisângela Almeida: Todo mundo me ajuda. Tenho bastante gente querida ao meu redor, mas alguém que me apadrinho não posso dizer que tenho. Meus pais não são da área. Meu pai era motorista de ônibus e minha mãe é vendedora autônoma. Ralei muito pra ter o meu espaço. Agora, tem uma pessoa em especial que acreditou no meu potencial. Que foi meu chefe na assessoria de imprensa, eu estava trabalhando ele parou o que estava fazendo e me disse: “Elis, você tem vontade de trabalhar em tv?” Gosta de tv? E eu disse que sim, mas não tinha pensado em nada. O que eu queria era fazer jornalismo, onde quer que fosse. Aí ele me respondeu: “você tem perfil de louca de tv..rs” Vou ligar pro meu amigo. Aí ele pegou o telefone e ligou, falou sobre mim e foi daí que comecei com meus contatos em televisão. Resumindo, foi este amigo do meu chefe que acreditou no meu potencial e me chamou pra trabalhar com ele no SBT. Mas foi muito tempo depois. O nome dele é Marcelo Balbin, tenho grande admiração por ele.

Bastidores do trabalho com seu colegas Afonso Mônaco e Arnaldo Duran, repórteres do Domingo Espetacular.

João Gabriel: Vamos agora para um jogo rápido, vou falar de alguém ou de alguma coisa e você me responde com sua opinião:

Familia: Minha vida
Deus: Meu porto seguro
Amigos: Parceria, alegria… 
Jornalismo: Alma
Elisângela Almeida – Defeito: Ansiedade / Qualidade: Uma pessoa do bem, faço as coisas com o coração, as vezes até sofro por causa disso.

João Gabriel: Elisângela, muito obrigado pela entrevista. Agora gostaria que deixasse um conselho para as pessoas que pretendem ou estão fazendo faculdade de jornalismo: 

Elisângela: Precisamos de jornalistas com alma. Se você acredita no seu sonho vá adiante. Sofri e sofro muito com as leis do nosso país, com corrupções, mentiras e outros. Não é fato que vamos mudar o mundo, mas acredito que um pouquinho de cada um faça a diferença. Eu faço a minha parte, estou esperando você. Acredite também.

Twitter da Elisângela: @Elis_Almeida

Entrevista e Edição: João Gabriel Alvarenga